Por quê?
Um simples hábito diário como fumar um cigarro, mexer na internet do celular, dormir um pouco mais quando é desperto pelo bip intermitente do despertador, até estar em emprego que lhe desagrada, ou em uma cidade que não lhe convém, compreendemos que mudar em alguns momentos é necessário e sempre possível, mas de todo modo é das tarefas mais difíceis.
Ao pensarmos em determinada mudança, almejada por uma pessoa, estamos dizendo que de algum modo ela realiza algo que a desagrada, ou seja, aquele modo de ser, por mais habitual que seja, causa nela um desencanto. Porém, nem sempre este desencanto tem força suficiente para alcançar a mudança almejada: por quê?
Uma pessoa que fuma cigarro, por exemplo, é vista como alguém que fisiologicamente depende desta substância, depende da nicotina, que lhe causa um certo estado de contentamento físico. Quando se decide a parar de fumar encontra dificuldade, não na substituição da substância, mas na própria mudança de hábito. Estou dizendo que o ato de fumar não está simplesmente motivado por uma substância, mas é um modo de ser fumante que lhe gera dificuldades. O modo de ser fumante é a forma com que ele responde as solicitações do mundo com o qual estabelece relação. Por exemplo, ao sair com amigos após o trabalho, responde ao encontro com eles da forma que lhe é mais familiar, fumando um cigarro enquanto conversam; diante à espera de um telefonema importante, fuma um cigarro; diante uma situação conflituosa e angustiante, fuma um cigarro; ao escrever um texto, fuma um cigarro. Mais do que algo externo e aparente, ele se comporta e reagi às situações que o mundo lhe apresenta fumando um vaporoso cigarro.
Isso também acontece com as relações com o trabalho que o aborrece, que por hábito se permite, se submete, dia após dia, até que as horas passem, os dias findem, e sua vida escorra nesta liquidez. O cotidiano nos cria uma ilusão e sucumbimos a fantasia de que o inesperado não está em cada novo rosto que vemos no caminhar pelas ruas, em cada nova manhã, novo amanhecer em cada momento de nosso dia.
Para mudar, temos que nos propor a toda uma sorte de atitudes em relação a nós mesmos: no caso do trabalho, por exemplo, participar de formações, entrevistas, cursos, palestras, entrar em contato com o inesperado, com o novo. É uma simples questão de atitude de se lançar em um movimento, em um sentido novo.
Mudar! Sim é difícil, mas possível e realizável.