Muito se tem falado a respeito da depressão e dos transtornos emocionais, doenças que trazem enormes prejuízos, especialmente ao indivíduo que sofre com as disfunções provocadas pelas mesmas, assim como geram uma perda econômica anual, de mais de US$ 1 trilhão para o mundo.
E embora os transtornos emocionais estejam constantemente em pauta na atualidade, existem diversos tabus e pré-conceitos relacionados a estas doenças, parte disto, consequência da dificuldade de entender o impacto e a seriedade que representa uma doença mental.
É importante lembrar, que também somos uma construção de memórias, experiências, e emoções, e a partir deste grande acervo, construímos nosso modo de ser, construímos nossos repertórios para lidar com diferentes situações no decorrer da nossa vida. Construímos nossas crenças a respeito de nós mesmos,e por isso, nossa evolução se constituí em três aspectos: biológicos, psicológicos e sociais.
Porém, existe uma dificuldade muito grande em entender os aspectos psicológicos, em entender as experiências e dores que fazem parte do campo emocional, porque o campo emocional encontra-se em um plano abstrato, de forma que não pode ser visto, apenas sentido. Diferente das nossas dores e traumas físicos, pois, caso soframos um acidente de carro, uma queda, ou uma doença física, é possível observarmos o seu impacto e estragos a olho nu, sangra, fica roxo, inflama,quanto aos traumas emocionais, eles não podem ser vistos, porém, podem ser sentidos e vivenciados com tanto sofrimento, quanto uma lesão corporal.
E devido à dificuldade em entender a complexidade e a importância das questões relacionadas ao campo emocional, a nossa tendência é ignorar as nossas emoções, ignorar nossos traumas, e vivenciar um processo de negação tão consistente, a ponto de negar nossas doenças emocionais.
Por que não temos sucesso no enfrentamento dos transtornos emocionais? Porque se faz necessária, uma mudança de mentalidade, a começar pela seriedade que se trata a doença. Existem vários fatores de risco que podem favorecer o desenvolvimento de uma depressão, como por exemplo, uma situação traumática, alterações bioquímicas nas sinapses dos neurônios, abuso de álcool e drogas ilícitas, predisposição genética, dentre outros.
Quando se trata de casos mais graves, estes devem ser acompanhados por um Psiquiatra, com o auxílio de ansiolíticos e antidepressivos, casos mais moderados, devem ser acompanhados por um Psicólogo em um processo psicoterápico, no entanto, muitos casos são negligenciados, devido à negação procedente da ignorância.
Gostaria de finalizar este texto, provocando você leitor, a refletir porque não tratamos os transtornos emocionais com a mesma seriedade que tratamos as doenças crônicas, como a diabetes, doença de Alzheimer, hipertensão, asma,e etc., sendo que, segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos.
Precisamos enxergar nossa experiência e evolução, nos três aspectos citados anteriormente, bio-psico-social, e reassumirmos o controle e a responsabilidade pela integridade da nossa saúde física e mental. Ratifico que os transtornos emocionais tem cura, desde que o indivíduo faça um acompanhamento adequado, e caso o transtorno seja uma condição, é necessário uma busca por estabilização e manutenção da qualidade de vida, assim como estabilizamos e cuidamos da manutenção de uma doença crônica.
Psicóloga Aline Costa
Psicóloga Clínica, Palestrante, Mestre em Psicologia da Saúde, Pesquisadora Capes e Coach.
CRP: 06/126231